O Medo da Morte de Lula, Democracia e Uma Mulher no STF
Só o medo
da morte de Lula e a podridão de nossas mentes podem impedir a escolha de uma
mulher como ministra do Supremo Tribunal Federal - STF. Há muito tempo que o
Presidente Lula dá sinais de seu medo da morte, sobretudo agora com a
divulgação de suas intenções de concorrer a mais um mandato.
O ego de
Lula e sua relutância de se afastar do poder, que provavelmente compensa seus
próprios medos de um declínio inevitável é, sem dúvida, um fator poderoso. Ele
parece estar negando seu próprio processo de envelhecimento e aparentemente se
apegando ao poder para compensar sua crescente fragilidade.
Contudo, é
essa teimosia de Lula que, mais uma vez, pode colocar em risco nosso futuro
coletivo. Já tivemos essa experiencia nos governos petistas, que nos levou a um
governo de extrema direita, com consequências desastrosas, quando o Brasil se
tornou um país pária no mundo.
Mais
recentemente tivemos o registro do medo da morte de Biden nos Estados Unidos, que
não aceitava sua decadência física, sendo o resultado de sua teimosia a volta
de Trump ao poder. Infelizmente, o medo da morte da classe política é grande e
as teorias do antropólogo Ernest Becker e a teoria de gestão do medo nos mostram
como lidamos inconscientemente com nossos medos existências buscando “heroísmo
terreno”.
Nos últimos
dias acompanhamos a reação da Geração Z derrubando governos e protestando
contra as desigualdades sociais, corrupção e outros abusos autoritários,
mostrando para o mundo a degradação das democracias, muitas pelas dominadas
pelos que negam e temem a morte, parecendo serem anjos caídos voltados para o
mal.
No Brasil
temos exemplos cristalinos dos ataques à democracia pela classe política, com
exemplos de golpes de Estado, orçamento secreto, práticas corruptas,
supersalários e outros exemplos inimagináveis, incluindo a violência contra as mulheres. Por que isto se tornou uma prática comum?
Por que estão fazendo isto conosco? Por que a morte
da democracia está acontecendo dentro de nós?
Tudo isto
está acontecendo porque a classe política sabe que o público brasileiro e de
outros países não se importam com a degradação da democracia. Já faz muito
tempo que os eleitores simplesmente se acostumaram.
Assim
sendo, o que nos deve preocupar mais é o que aconteceu nas últimas décadas
conosco. Houve uma lenta degradação moral, emocional e intelectual – a perda
das convicções, normas e hábitos mentais que sustentam a democracia. Neste
caso, o que mais preocupa é a podridão que se alastra pela sua mente e pela
minha.
É preciso
deixar claro que numa democracia funcional o primeiro instinto de um político é
ir até os eleitores e deixar que eles decidam. Em uma democracia doente, como a
nossa, o primeiro instinto de um político é acumular poder por todos os meios
necessários, destruindo regras e arranjos para alcançar o vale tudo.
Por fim,
estamos vendo como os partidos, de esquerda e direita, cooperam para degradar a
moralidade pública e ninguém nem percebe que isso está acontecendo. Neste
momento do preenchimento de uma vaga no STF, percebemos o desrespeito às
mulheres sobre a escolha, pelos comentários da imprensa.
Numa
democracia é fundamental a igualdade de gênero nas Cortes de Justiça, nos
parlamentos e em várias outras instituições, mas no Brasil a desigualdade é
vergonhosa e os partidos políticos não parecem se preocupar com isto. Neste
momento, quais partidos políticos estão empenhados na indicação de uma mulher
para a maior Corte de Justiça do país?
Portanto,
do ponto de vista democrático e de justiça, só o medo da morte do Presidente
Lula o levará a escolher um candidato do sexo masculino, sabendo das
desigualdades existentes e das reconhecidas lutas das mulheres pela democracia
brasileira, incluindo o combate à violência.
Nos Estados
Unidos, o medo da morte do ex-presidente Biden foi responsável pela volta de
Trump ao poder, mas seu reconhecimento da luta das mulheres em favor da
democracia se deu com a escolha de uma mulher negra para a Suprema Corte
americana.
Similarmente,
é grande o risco do medo da morte do Presidente Lula para a democracia
brasileira. Espera-se que ele se afaste das ideias de divulgações e insinuações
de sua candidatura. Com certeza, existem bons candidatos tanto nos partidos de
direita quanto de esquerda, incluindo o PT, desde que se comprometam com a
melhoria de nossa democracia, que inclui o combate a corrupção, desigualdades
sociais, orçamento secreto e violência contra as mulheres.
Espera-se,
ainda, que o Presidente Lula e seu partido dê uma demonstração de interesses
pela democracia indicando uma mulher para a vaga de Ministra do STF, com
preferencias e justiça por uma mulher de cor negra.
As mulheres
clamam por justiça neste país, principalmente contra a violência de que são
vítimas e abatidas diariamente.

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